REFLEXOES DO DIA EM PORTUGUES

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Friday, March 09, 2007

Amor, solidão e outras coisas de dar medo...

Certamente isso não é senso comum, mas, particularmente, tenho um verdadeiro fascínio por ônibus e transportes coletivos afins. Sorrio pensando em como esses meios de transporte populares são um verdadeiro show diário, cheio de episódios pitorescos e conversas instigantes, ouvidas atenciosamente, com um ar de indiferença por quem vai ao lado dos interlocutores.Na linha 63, que faz o itinerário da faculdade para minha casa, eu vinha certa manhã, no meio dessa contemplação incidental da vida alheia. Duas jovens senhoras conversavam e uma delas, ao que me parece, falando do ex-marido (pelos adjetivos nada nobres), disse a certa altura, com uma extrema amargura na voz :“- Mas eu aprendi a viver sem ele. Não preciso mais dele. Na verdade eu não preciso mais de ninguém para viver. E quer saber? Eu não sinto a menor falta dele e não quero mais ninguém na minha vida. Nem o João. Ontem à noite ele me ligou com aquela conversa mole de que me ama, que quer me fazer feliz, que quer ser o homem que meu “ex” não soube ser... que papo furado! Esse negócio de amor não existe, só na novela, ha ha ha! Eu hein? Amor...tudo uma grande mentira ridícula! Ha ha ha! Eu quero mais é ser só!”As risadas daquela mulher não escondiam o fel de cada palavra que trasbordava pelo seu olhar cansado, pelas marcas de dor no seu rosto. Pensei em como nossa sociedade individualista exalta a solidão; desde a comida congelada até o divórcio, de tal modo que palavras como: “compromisso, estabilidade, partilha total, para toda a vida, alianças, filhos, casamento” já são encaradas como parte de uma trama no melhor estilo Hitchcock.Ser só hoje em dia, virou sinônimo de segurança, maturidade, independência. Mas apenas quem é só sabe o quanto isso dói, ao cessar o sorriso-máscara na hora de encarar a solidão. E aquela mulher do ônibus deve conhecer bem sensações como, folhear a agenda telefônica, discar um número pensando no assunto que vai inventar e não encontrar ninguém em casa. Ligar a TV ao chegar do trabalho para não ouvir a voz do silêncio. Ligar o som, deixando de lado os CDs de música clássica que tanto se gosta, e agüentar o locutor de uma rádio medíocre, só para ouvir uma voz humana. Ter que dividir pela metade aquele pacote para dois de macarrão instantâneo quatro queijos, e a receita sair horrível. Clicar tantas vezes em “receber mensagem” na caixa de correio eletrônico que o mouse já vai sozinho para o botão. Ver a foto de alguém querido no computador e encostar os lábios na tela fria.Mas alguém além de mim e daquela mulher sabe o que é isso: JESUS. Ele sabe como nos sentimos. Ele sabe o quanto sofremos até chegar nessa solidão – incidental ou procurada – e mais que isso, Ele quer dar completo amor e companheirismo. Eu só preciso não ter medo de receber o Seu amor.Pode até ser mais que medo, pode ser insegurança. Pode ser simplesmente, não conseguir confiar mais, não conseguir mais se entregar nem receber amor, para não tirar os pés do chão nem a razão da cabeça... não se deixar levar pela mão de uma onda intensa de sentimentos para não perder o controle... não ser feliz, para não ter que perder de novo essa felicidade. Não se sentir invadido para não ver os segredos mais lindos de si mesmo, pisoteados novamente...pode ser simplesmente, não conseguir mais ter fé no amor. E se sentir agredido, sufocado, despido diante de qualquer manifestação mais pura desse sentimento.Pode ser qualquer outra coisa que se racionalize e se use como escudo para ser salvaguardado de uma nova (ou verdadeira) experiência no amar. Porém Jesus conhece a profundidade do nosso ser e está bem do lado, com braços e sorriso abertos, pronto a sanar cada ferida, e a restaurar tudo o que se perdeu pelo caminho... pronto para conceder o Dom do perdão, que é o barro para que sejamos recriados à Sua imagem e semelhança; em perfeita harmonia conosco, com Deus e com o próximo – seja ele quem for, tenha lhe feito o pior mal.Cristo quer completar nosso ser, nos dando um amor completo (isso é mais que trocadilho). Quer nos fazer capazes de amar de novo, com um perfeito amor: aquele que lança fora o medo, que elimina a solidão. E se hoje, nossa entrega a Ele não é total, é bem provável que seja porque nós associamos inconscientemente as nossas experiências humanas de amor, com o amor de Deus. É preciso deixar então nascer a firme certeza de que ainda que todos falhem, Ele não falhará.Veja só, descobri que quando um golfinho encontra-se incapacitado para se deslocar sozinho devido a ferimentos ou enfermidades, é auxiliado por um companheiro, podendo assim continuar com o grupo evitando o risco de se afogar. Nesta situação, o companheiro não pode respirar, pois o seu espiráculo (por onde ele respira, está no topo da cabeça) encontra-se continuamente abaixo do nível da superfície, e periodicamente tem de abandonar o seu protegido para inspirar. Mas volta, e enquanto seu companheiro não estiver a salvo, ele não o abandona.Deus é tão completo em Seu amor, que há de enviar pessoas especiais para nossas vidas, pessoas que nos ajudarão para que nós não nos afoguemos num mar de mágoas e solidão, e mais que isso, nos dêem a certeza que vale a pena viver. Disso eu tenho certeza! Basta acreditar e olhar ao redor se permitindo ser assim abençoado. Com isso virá a consciência de que mesmo o ser humano mais especial, e que mais nos ame, é um ser humano: falho, imperfeito, com potencial de fazer sofrer e chorar. Mas num coração convertido haverá também a certeza que o amor de Deus não terá tais nuances de imperfeição. Ele não precisa ir lá fora respirar, pois Ele é o próprio fôlego de vida. Não temos que nos sentir sós, nem nos enganarmos achando que não precisamos de ninguém. Fomos criados para sermos amados, para precisarmos de amor, para precisarmos de alguém. Não há necessidade de nos protegermos disso: deixemos que Cristo conduza essa maravilhosa experiência. É só quando se ama sem medo, desacreditando da palavra solidão, que se vive a plenitude do amor de Deus.

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