REINO DE DEUS E REINO DOS CÉUS

Estaremos apresentado este tema que para alguns é bem polemico, tanto no fato de aceitar o que realmente quer dizer as expressões Reino dos Céus e Reino de Deus, como a abrangência de tempo, espaço, e sobre que seres elas se sobrepõe.
Muitos acreditam que há diferença de uma para outra forma de expressão, que quando nos referimos ao Reino dos Céus, nos referimos exclusivamente à parte do Reino que abrange somente os seres celestiais e o que diz respeito ao céu; mas quando nos referimos ao Reino de Deus, nos referimos a toda criação, em especial aos homens salvos e remidos por Jesus Cristo.
Na realidade, conforme veremos a seguir, ambas expressões dão conotação e sentido de um mesmo Reino, diferenciando-se apenas no fato de que Reino dos Céus diz respeito à forma de se expressar dos judeus, e Reino de Deus ser uma forma mais "inteligível" para os gentios.Veremos a seguir alguns posicionamentos sobre o assunto.
Por Reverendo BucklandO Reverendo Buckland afirma que o fato de encontrarmos a expressão Reino dos Céus em Mateus era para que os judeus reconhecessem a palavras de Jesus, porque Céu era para os judeus, sinônimo de Deus, e tinha preferência por motivos de respeito. E como os demais escritores do N.T. estavam em maior contato com os cristãos não judeus, usavam a expressão Reino de Deus por ser, para eles, mais inteligível. Ele ainda refere-se que atualmente a palavra "Reino" entende-se mais por significado de domínio do que a de lugar ou território dominado.
Para os judeus, o Reinado do Messias seria um reinado que restauraria a soberania de Israel e seu reinado. Prova disso foi, por exemplo, o fato de o povo querer "arrebatá-lo para o proclamarem rei" (Jo 6.15); a pergunta de Pilatos (Mt 27.11); a lamentação dos dois discípulos no cominho de Emaús (Lc 24.21); e o apelo da igreja primitiva (At 1.6).
O uso apostólico de Reino dos Céus e Reino de Deus está relacionado à um reinado que é do mundo ou seja político, mas sim, um reinado que está ligado à obra redentora de Jesus, é um domínio espiritual e moral, no qual Deus É Supremo. Este reino é para todos (Mt 8.11,12; 25.31-34).
Por George Eldon LaddEle defende a idéia de que é o mesmo reino, tanto Reino dos Céus como de Deus. A diferença está em ser uma expressão mais apropriada para os judeus (dos Céus) pelo respeito que lhes é peculiar em pronunciar o nome de Deus em vão; podendo ser uma expressão nativa do contexto judaico-cristão, a qual preservou a tradição do evangelho encontrada em Mateus, em lugar de refletir o uso real fito por Jesus. Possivelmente Ele tenha usado as duas expressões, e os Evangelhos, que foram originalmente endereçados a destinatários gentílicos, omitiram a expressão semítica, pois a mesma seria sem sentido aos seus ouvidos.
O Reino de Deus é um sinônimo da era vindoura. Quando Jesus anunciou que o Reino estava próximo, estava fazendo referência ao reino teocrático terreno prometido a Israel. "O Sermão do Monte é a lei do Reino dos Céus". O Reino de Deus é o domínio real de Deus, que tem dois momentos: um cumprimento das promessas do Velho Testamento na missão de Jesus a uma consumação ao fim dos tempos, inaugurando a Era Vindoura.
Por Donald C. StampsDonald relaciona tanto o Reino dos Céus e de Deus como sendo os mesmos, e tudo que está relacionado a um refere-se também ao outro (essa posição esta evidenciada pela forma que o mesmo se refere na Bíblia de Estudo Pentecostal).
Ao falar sobre o Reino, Stamps diz que na presente era, o Reino de Deus é evidenciado pela atuação de Deus ao manifestar a sua glória e soberania no controle de todas as coisas, inclusive contra o "domínio de Satanás" e a condição do mundo atual. Quando Deus se manifesta com poder sobre o mundo este entra em crise. "Uma evidência máxima de que uma pessoa está vivendo o Reino de Deus é viver uma vida de 'justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo'".
O Reino de Deus tem um aspecto tanto presente como futuro. A manifestação futura da glória de Deus e de seu poder e reino ocorrerá quando Jesus voltar para julgar o mundo (Mt 24.30; Lc 21.27; Ap 19.11-20; 20.1-6). O estabelecimento total do Reino virá, quando Cristo finalmente triunfar sobre todo mal e oposição e entregar o Reino a Deus Pai (I Co 15.24-28; Ap 20.7-21).
Por Russell Norman ChamplinEm sua Enciclopédia, ele afirma que entre Reino de Deus e Reino dos Céus não há qualquer diferença; apesar de alguns estudiosos classificarem o Reino de Deus como sendo a abrangência sobre toda inteligências criadas, nos céus e na terra, ao passo que Reino dos Céus seria o governo de Deus em algum lugar específico ou circunstâncias como o reino do Messias.No Evangelho de Mateus é utilizado a expressão Reino dos Céus em respeito às questões vinculadas ao Reino de Deus. Os judeus tinham profundo respeito pelo nome divino. Portanto, no Evangelho de Mateus, escrito principalmente a leitores judeus, é empregada a expressão Reino dos Céus como um eufemismo, para evitar tantas menções ao nome de Deus.O Reino foi uma oferta genuína de Deus aos judeus, os quais rejeitaram e deste modo então o Senhor fez surgir a Igreja Cristã. Em sentido bem amplo, pode-se definir que o Reino é composto por pessoas que adoram, amam e obedecem a Deus, como único Deus vivo e Verdadeiro. Portanto esse Reino pode ser concebido como existente tanto no Céu como no coração dos homens regenerados.
O Reino de Deus abrange todas as coisas sobre as quais Deus exerce poder, que o mundo e tudo que nele existe, e as vidas dos homens. Portanto o Reino de Deus pode ter um significado puramente espiritual ou ético (Lc 17.20,21; Rm 14.17).
Por Alessandro AssisEntre a expressão Reino de Deus e Reino dos Céus, a única diferença existente é a utilização delas como forma de se expressar para os judeus e para os gentios. Para os judeus, o nome de Deus jamais poderia ser citado em vão, e por esse medo de que em algum momento ao pronunciar o nome de Deus eles viessem a pecar, pronunciavam o nome de Deus de outra forma. Sendo assim, Mateus em seu Evangelho, que foi escrito para os judeus, utilizou a expressão Reino dos Céus.
Nos evangelhos sinópticos, a pregação do Reino é o tema central. João Batista, veio pregando o Reino dos Céus, conforme encontramos em Mateus 3.2; já no Evangelho de Marcos 1.14 que é o texto paralelo ao de Mateus, vemos a citação como Reino de Deus. Nem João Batista, nem Jesus vieram pregando dois reinos; muito menos a abrangência maior de um ou de outro em relação aos homens, a Israel, aos seres celestiais, ou sobre todas as coisa das quais Deus é Senhor absoluto.
A palavra Reino tem dois sentidos primários: 1º a esfera de domínio; 2º a atividade de reinar. Ambas as idéias se fazem presentes no uso que o Novo Testamento faz da palavra Reino. O conceito geral de reinar inclui a idéia de livrar os súditos, e a idéia de muito lhe abençoar, além da idéia de exercer autoridade sobre eles.
Em Sua pregação, Jesus ofereceu o Reino de Deus aos judeus; porém com base espiritual no arrependimento e na fé individuais, e não sobre bases político-nacionalistas. Ao rejeitarem Jesus, a maioria dos judeus inclusive os líderes oficiais do judaísmo, rejeitou ao governo divino do Messias. Em conseqüência disto Deus transferiu o Seu Reino para a Igreja, conforme vemos em Mt 21.42-45, Jesus afirmando que os judeus rejeitaram o Reino, mas seria "entregue a um povo que produza os seus frutos", isto em confirmação do que está em Is 28.16.
Há fortes evidências de que Jesus ensinou formas tanto presentes quanto futuras do Reino. Portanto o mistério do Reino consiste no fato de que antes de sua plena manifestação sobre a Terra, quando da Segunda Vinda de Cristo, desde agora os crentes desfrutam das bênçãos futuras da vida eterna, como uma antecipação.
Podemos assim verificar neste tema sobre Reino de Deus e Reino dos Céus, que não há diferença de uma expressão para outra; vimos que as diferenças estão na relação do respeito ao sagrado por parte dos judeus, que por não pronunciarem o nome de Deus em vão, Mateus escreveu em seu Evangelho usando na maioria das vezes a expressão "dos Céus".
Nos demais Evangelhos sinópticos não encontramos esta forma, por estarem endereçadas aos povos gentios; e para eles entenderem melhor sobre o Reino, os autores utilizaram a forma "de Deus".
Como os judeus rejeitaram o reino do Messias, ele foi estendido a um outro povo, pois estava prescrito pelo salmista desde os remotos tempos (Sl 118.22,23), e encontramos no Novo Testamento tanto em Mateus como em Marcos 12.11,10.
Através de Jesus Cristo nós obtivemos o direito de adentrar, de ter acessos ao Reino de Deus. O Reino terá seu cumprimento final com a Segunda Vinda de Cristo (parousia), quando o Messias tomará as rédeas deste mundo e governará absolutamente sobre tudo e todos.