REFLEXOES DO DIA EM PORTUGUES

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Friday, March 16, 2007

Perdão e Vida (para quem gosta de vida)

Semana passada, falei sobre amor e solidão, e alguns amigos dividiram suas impressões comigo. Mas uma em especial me chamou atenção.Conheço esta amiga há vários anos, e ela tem um convívio quase diário comigo. Sempre a admirei por seu equilíbrio emocional e comportamento maduro e racional. Na segunda-feira dei o texto que lhe escrevi a ela, que me agradeceu sempre sorridente. Mas na terça-feira, ao reencontrá-la, ela tinha o semblante mudado, triste e até mesmo agressivo. Percebi a mudança, mas sem querer ser indiscreta, puxei conversa normalmente sobre assuntos cotidianos. Ela porém cortou bruscamente a conversa, com palavras que me deixavam cada vez mais absorta à medida em que iam sendo proferidas.- Então você acha que sabe o que é amor e solidão? Acha que do alto dos seus vinte anos, já tem experiência suficiente para falar de medo, relacionamento, perdão? Que tem o direito de dizer que as pessoas precisam amar, não importa o quanto elas estejam feridas, magoadas e decepcionadas?Eu permanecia sem reação, enquanto observava os olhos dela se enchendo de lágrimas. Sabia que ela havia terminado um relacionamento há pouco tempo, mas ela não aparentava que isso mexesse ainda tão forte com seu coração. Eu não movia um músculo, enquanto ela apontava para mim e falava, olhando em meus olhos com uma tristeza amarga.- Eu também acredito em Deus. Mas não acredito que Deus tenha feito pessoas com coração e nervos de aço para simplesmente perdoar e esquecer. Eu não vou permitir que ninguém me machuque de novo, eu tenho que ter minhas defesas. E para isso, não posso esquecer tudo o que me fizeram, tirando apenas uma lição de moral como numa fábula infantil. Só EU sei o tamanho de minha ferida, só EU sei o quanto ainda dói, só EU sei os sonhos e o amor que perdi, fui EU quem conviveu com aquele monstro que não tem o direito de ser perdoado. Ele não merece isso, e não acho que eu consiga ser igual a Deus e jogue todos os erros dele no fundo do mar.Quando parei para pensar sobre toda aquela tempestade de palavras, curiosamente a primeira coisa que me veio à mente foi o cãozinho de um vizinho de minha avó materna, que eu passei meses cobiçando mas que, apesar de ser maltratado por seu dono, nunca cedeu aos meus carinhos e preferiu continuar preso ao dono até morrer, doente e maltratado.Do alto dos meus vinte anos, eu talvez não tenha mais que histórias de infância e cães para contar. Mas o que mais me surpreende é ver como elas se aplicam a seres humanos bem mais inteligentes que um cão e bem mais vividos que eu...Uma vez ouvi um sermão em que o pregador dizia que o “corpo de morte” a que Paulo se refere quando diz “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Romanos 7:24), consistia numa penalidade romana a condenados por assassinato. O corpo da vítima era preso às costas do condenado de modo que este não pudesse se livrar daquele. Em seguida, o assassino era solto no meio do deserto, onde andava errante até morrer... mas até que lhe sobreviesse a morte, o cadáver geralmente entrava em decomposição, e por estar preso ao seu próprio corpo, a podridão da putrefação passava a este também, e lhe corroía as carnes, decompondo-as ainda em vida.Embora haja outro contexto para aplicar esse versículo, eu comparo a incapacidade de perdoar com este “corpo de morte”. É surpreendentemente triste perceber que há pessoas que se prendem voluntariamente ao passado, num sofrimento fiel a cada dor vivida, e remoem, e revivem a cada instante a tristeza, a decepção, a mágoa... enquanto o rancor vai, como carne podre, corroendo seu próprio espírito.Que eu poderia dizer para a minha amiga que considerava tão absurdo, simplesmente perdoar e recomeçar uma nova vida crendo no amor? Sou da opinião da escritora americana Nancy Van Pelt, que em um de seus livros explana uma solução parecida com: “Ok, vá em frente, viva com intensidade sua autopiedade. Fale a todos que encontrar sobre suas mágoas, revivendo-as em detalhes, e expressando-as por completo em sua voz, em sua face, em suas atitudes. Chore muito e não admita que alegria nenhuma a faça esquecer o quão triste é sua condição e seu passado. Deixe que todos saibam que você quer ficar sozinha, e alugue uns filmes ou compre uns CDs bem depressivos para passar o fim-de-semana assistindo. Você com certeza conseguirá ficar só, protegida de novas experiências, sem perigo de ter alegria, amor, carinho, essas coisas que te fazem lembrar a falsidade daquele “monstro”, e ainda ganhará de brinde uma gastrite, uma velhice precoce ou mesmo (num lance apoteótico), um câncer, para acelerar o fim de sua triste existência”.Não sei que espécie de amigo daria um conselho desses... a única coisa que sei é que há , nesse momento, vida lá fora! Mas não se pode tê-la enquanto se está preso a um corpo em putrefação. Basta deixar de ser fiel à fonte da dor, ao passado que só tem para oferecer o definhar cruel dos covardes (num ser fiel até a morte), para ser fiel, simplesmente a Cristo (num ser fiel até a vida)...Jesus pode nos livrar do corpo de morte do nosso passado, e nos restaurar, nos dando uma nova vida, com novas, surpreendentes e excitantes perspectivas. Pode nos mostrar um caminho que em muito supera a visão anuviada pelo sofrimento, do que seja felicidade. O primeiro passo é : perdoe. Perdoar o semelhante, a si mesmo, e aceitar o perdão divino. Encarando o perdão por estes três ângulos, poderemos experimentar uma nova vida e uma paz incrível. Deixemos que o amor de Deus nos invada, e não façamos restrições nem imponhamos limites para a ação desse amor; o amor de Deus é invasor sim, pois só um amor que invade os recônditos do ser, é capaz de transformar.E isso quem diz não sou eu, mas um ser com anos-luz de experiência em amor, perdão, e relacionamento... exatamente Ele! Que “nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do Seu amor.” Col. 1:13.

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